Crónica de um dia de trabalho sem nada para fazer
Não há nada mais desesperante do que ser obrigada a permanecer em determinado local sem qualquer tipo de objectivo; estar no local só porque sim, porque se é obrigado, porque nos pagam para isso. Um disparate!
Entrámos em Agosto e parece que o mundo parou. Não sei se deram por isso, mas, à excepção da guerra no Líbano e dos incêndios florestais, não se passa absolutamente nada! E não é que a guerra ou os fogos tenham pouca importância; o problema é que, apesar deles, não tenho absolutamente nada para fazer no trabalho.
Depois de uma semana de loucura e de ter terminado ontem as últimas tarefas, pensando que se iam continuar a acumular coisas, a verdade é que o trabalho acabou. Hoje à hora do almoço já estava a olhar para as paredes e a pensar no que ia fazer para o jantar... E acreditem que isso é mesmo muuuito raro, considerando que eu detesto conzinhar (odeio visceralmente!). Portanto, confesso que esta sensação me é estranha, mas, principalmente, desagradável... porque se trata de um ócio forçado. Podia estar de pés em cima da secretária a ler um livro ou a jogar a qualquer coisa no computador, mas não posso. Tenho que estar com um ar concentrado de quem tem imeeenso para fazer... E a verdade é que não sei porque é que tem que se pôr esse ar... É uma pressão social qualquer, presumo eu - ou então, remorso.
Não interessa. A questão é que numa crónica de um dia de trabalho sem nada para fazer, não há nada para dizer. E que deprimente que isso é!! É que nem sequer pequenos episódios insignificantes há para contar... É impressionante como uma pessoa consegue gastar oito horas do seu tempo sem contribuir para absolutamente nada... Pessoalmente, acho fascinante. Principalmente, porque já percebi que é nestes dias que perco completamente a paciência; não tenho estofo para aturar ninguém, nem para piadinhas nem para tristezas. Apetece-me desatar aos gritos com toda a gente só para afastar um bocadinho do tédio ou subir e descer as escadas do prédio ininterruptamente ou atirar-me pela janela só para ver se partia muitos ossinhos. Enfim...
E então - resultado! - tenho que inventar coisas para fazer, porque ainda prezo os meus ossinhos e não me apetece estragar as férias no hospital. Já arrumei a secretária (que estava uma felga), já tirei receitas da Internet para cozinhar para uma amiga que vem jantar comigo hoje à noite, passei uma horita ao telefone com o namorado a planear as jornadas de trabalho na Festa do Avante, fumei cigarros no gabinete do meu colega do lado só para esticar as pernas, procurei letras de músicas e reorganizei os SMS guardados no telemóvel.
Ora, parece-me a mim que estas actividades falam por si e que já conseguem adivinhar o nível de aborrecimento em que me encontro. Mas encontrei um lado positivo desta história toda: é que vou sair daqui dentro de cinco minutos cheia de vontade para estender a roupa que esteve a lavar, arrumar a sala, lavar a loiça e arrumar a roupa que, entretanto, terá secado... Humm! Posso afirmar que esta é a primeira vez na minha vida inteira em que posso sinceramente dizer que estou ansiosa pelas tarefas domésticas. :oP
Bjus!!
2 Comments:
Bolas, isto por aqui também está uma seca...mas ainda não cheguei ao desespero de querer fazer as lides domésticas...bjinhos
Pois, foi sol de pouca dura... Foi preciso queixar-me um bocadito de nada para me cair meia empresa em cima. Hoje, tou atulhada!! :oP
Jus!
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